Em Alegrete, no Rio Grande do Sul, existe uma lagoa
encantada, de águas paradas, nas margens da qual ninguém acampa nem passa perto.
Dizem que dela salta uma bola de fogo na garupa dos cavaleiros que se atrevem a
passar perto.
Dizem, também, que esta lagoa tem correntes presas ao fundo, que nem com muitas
juntas de bois se consegue arrancar.
Nesta região, pertencente aos índios charruas, antigamente vivia jovem e bela
índia por quem os mais bravos guerreiros apaixonavam-se. Um jovem da tribo,
passando perto da lagoa, viu um magnífico cavalo parado, como à espera de ser
laçado.
Pensou em levá-lo para a jovem e, assim, conquistar o seu amor. Aproximou-se
devagar conversando com o animal, que continuou parado, tanto que o jovem
guardou laço e boleadeira e procurou encilhar o animal, tirando os arreios do
cavalo que montava.
Quando estava pronto, alçou a perna e montou de um salto só. O cavalo, ao sentir
no lombo o peso do cavaleiro, disparou em direção à lagoa, levando seu cavaleiro
para o fundo, desaparecendo para sempre.
A índia, ao saber do ocorrido, veio para a beira da lagoa chorar pelo jovem
desaparecido.
Dizem que chorou tanto que suas lágrimas deixaram a lagoa salgada. É por isso
que até hoje suas águas são salobras.
Esta lenda é da região de Lagoa Parobé, no Rio Grande do Sul.